terça-feira, 30 de março de 2010

acontece


Deitei em vidros, nadei no fogo e corri no ar
Cutucando um leão feroz com as próprias mãos
Procurei ao meu redor, os métodos que causam dores
Nenhum deles me fizeram chorar, como suas palavras

Transforma o céu em um mundo de aflição
Onde a terra não é plana e incomoda meus pés
Onde o aroma das flores me lembra o seu perfume
Onde o mar me lembra claramente aquela cachoeira

Olha a nitidez do seu sorriso
Me contamina com um amor inexistente
Que é a epidemia dos fracos
E na terra, os fracos não tem vez

Tempo perdido com a procura intensa da felicidade
Esquecendo que a felicidade se faz
Querendo somar nossos bons tempos
Ter como resultado tudo aquilo que eu acreditava

O cão chamado esperança está faminto
Mas não o alimente, já que não tem vontade de criá-lo
Deixe-o uivar até se cansar
Ele irá sair de sua porta e irá pra outra

Ande, ande e divirta-se
Transforme-me em um incógnito à seus olhos
Alicerce seus sentimentos contra o sofrimento
Verás outra pessoa no espelho que te dei de presente

Troco minhas vontades por uma noite tranquila de sono
Enquanto o meu coração tenta te repelir
Sentir que a realidade é diferente do cinema que a mente projeta
Me faz perceber a magnitude do poder que tem a ilusão

As luzes no final do túnel eram holofotes
Atrás deles têm um muro alto de concreto
No chão encontro marreta e picareta
Logo um objetivo surge em mente

Quebrando lentamente o muro
Implorando por água pra tira o suor
Pequenos fragmentos de luz atravessam o muro
Espero que não sejam outros holofotes

Quanto maiores ficavam as luzes
Maiores ficavam minhas expectativas
Comprando uma agulha pra uma injeção de esperanças
Eu tento caminhar cautelosamente

domingo, 28 de março de 2010

o futuro contra-ataca


Um pequeno grande teatro, abriga bons atores
Finge tão bem cada passo, que o riso parece um choro
Estratégia imperceptível e uma missão cumprida
Martelou com pouca força e quebrou um coração de aço

Deixou murchar aquele bouquet
Para dar atenção à uma vida fútil de diversão
Pedindo demissão do seu emprego de arquiteta
Deixando desabar todos seus projetos em papéis

Honrou-se com fraqueza do guerreiro sem armadura
Testou o nível da sua capacidade com facilidade
Alimentou o seu ego, com as lágrimas de um papel
Ensaiando os atos que eram tiros na alma

Comemore com fogos seus objetivos cumpridos
Reze para que não volte e lhe caia como consequência o que causou
O pranto te espera sentado na saída do parque
Tome cuidado, o arrependimento pode se tornar uma praxe em sua vida

Nunca aceite o jardim que não vai regar
Nunca desvalorize o jardim que tens
Ficarás triste com as cores mortas
E não acharás lanternas no dia escuro

O ódio toma posse da mente vulnerável
A reação não oscila em aparecer
Controlando com os punhos os desejo de vingança
Acordando a calma do profundo ócio

Cabeça erguida e sorrisos limitados
Faz o guerreiro dar uma chance a sua coragem
Enxerga seus aliados que nunca lhe deram as costas
Pedindo a voz pra converter em músculos

É inevitável pisar nas minas
Como é inevitável não abrir automaticamente os olhos
E o eufórico rufo dos tambores
Dão o ponto de partida para um novo conflito

Dou um oi aos inimigos que me venceram
Cesso a guerra ignorando a revanche
Acreditando que irei escutar todas suas batalhas perdidas
E o arrependimento por não ter se aliado ao meu time

sexta-feira, 26 de março de 2010

sei lá!


Explosões no céu desenhado
Desafeto. Estou descrente.
Coração de madeira sendo devorado por cupins
Caneta falha para escrever uma nova esperança

Sentimentos são tocáveis e com sentimentos se brincam
Você não me deixaria brincar com seus brinquedos
Seus brinquedos são especiais para meus olhos
A dose de afeição some a cada dia

Compro a passagem pra mais um dia feliz
Rindo para as máscaras de porcelana
Carnaval sem fim movido a corda retórica
Bloco dos hipócritas de sucesso

Não dói usar um paletó de ácido
Mas é sufocante ficar a um metro de uma meta
Ver meus pés querendo voltar
E conformar-se com a toxina do pessimismo

Pássaro voa vagamente sem setas
Seu rumo é um caminho prolongado para a desgraça
Seus anjos atiram flechas em sua cabeça
E sua confiança esvazia, como água em copo furado

Ondas sonoras da sua canção vêm com alfinetes
Abraçando com cuidado e carinho o meu tímpano
Enviando frequências de dores para meu cérebro
Roubando meu ar a cada pulsação

Onde vende paz? Quanto é a paz?
Não existe paz de graça?
Não existe amostras de paz?
O que é paz?

Sua inércia espelha a minha dor
Seu silêncio torna as coisas incontestáveis
Aposente sua peraltice e viva seriamente
Só está perdendo o que lhe era sublime

Um salto de um tchau forçado e um abraço arrogante
Uma memória de dores que não quer sucumbir
Erros que rasgaram o que não se pode costurar
Te dou minhas costas como consolo

Abandono meu trajeto percorrido
E um banco torna-se melhor amigo
Guardo você em uma caixa de madeira
Queimo e meus olhos acompanham as cinzas

De um adeus, se termina o que não começou
De promessas, começa uma dor que não terminou
E na estrada há dois caminhos a serem seguidos
Escolha um e eu irei pelo outro

quarta-feira, 24 de março de 2010

ops! porta errada de novo

#essa foto merece ficar quase do tamanho real.

Cansei-me de esperar o sol aparecer pra amenizar o frio. Frio que era o resultado da chuva de neve que caia em meu mundo tropical. Tento procurar a falha de uma máquina que cria mentiras, fazendo de vítima a pessoa que tem o coração mais frágil, e eu estava lá, no lugar errado, na hora errada. Como pôde eu, um míope, apaixonar-me por uma pessoa que ficava distante e distorcida em meus olhos. Como dizia minha avó "Um hotel precisa de um hóspede que pague para manter o hotel vivo, o seu coração é igual a um hotel, mas ele quem escolhe o hóspede, que na maioria das vezes dorme lá por um dia e sai no outro deixando rastros irreparáveis". Eu era novo quando escutei isso, simplesmente guardei essa frase no fundo dos meus pensamentos, naquele tempo ela não fazia tanto sentido quanto faz hoje.
O meu ganhou uma hóspede, meu coração a escolheu. Quando menos eu esperava, ela tornou-se uma hospedeira fixa, mesmo não estando mais lá.
Cansei-me de suas falsas promessas, sempre acreditei nelas e você nunca as cumpriu, sequer uma. Deve ser uma diversão brincar com quem sente de verdade, já que seus sentimentos são artificiais. Suas promessas me trouxeram alegria, conforto e positividade, mas depois de algum tempo eu percebi que suas promessas eram ditas por impulso por causa do meu amor desesperado. O seu medo de me machucar, me machucou mais do que você imagina. As vezes eu acho que é uma luta de boxe, você amarra minhas mãos e me usa como saco de pancadas, descontando em mim tudo que lhe fizeram no passado e cobrindo o fato com um simples te amo, que significava muito pra mim.
Conselhos me falam que um dia a pessoa certa vem, se eu fosse acreditar nisso minha dor seria maior. Sou preso a ilusão de achar que toda pessoa que diz me amar, ser a pessoa certa, e no final de tudo, eu enxergo que aquela pessoa era apenas outra pá, que entrou em minha vida pra aprofundar um buraco que nunca se fecha.
Eu ficaria mais contente com a sinceridade, entenderia perfeitamente seus motivos e acataria a realidade com menos dificuldade. Era realmente necessário mentir pra acalmar suas dores?
Se a pessoa certa realmente existe, por favor, mantenha-se distante de mim.

sexta-feira, 19 de março de 2010

a culpa é nossa


Seu espelho encontra-se quebrado e a culpa não é minha. Não rebata meus passos, não dependes de mim pra andar, quanto mais dos meus atos pra reagir. Vou queimar sua escada de madeira, talvez você pare de subir e jogar um balde de culpa em mim.
Seu carro bateu no poste e a culpa não é minha. Talvez eu te dê de presente novos retrovisores e você irá olhar que não fui eu que te fechei e sim, sua vista que se encontrava embaçada. Tudo fica embaçado porque você deixa, eu sou o parabrisa, fico tão perto, gritando pra que você suspenda a alavanca para que eu faça meu trabalho, mas você insiste em pisar no acelerador, pra depois falar que a culpa foi minha que não limpei aquilo que você tinha que dar o ponto de partida.
Seu suéter desapareceu e a culpa não é minha. Reclamas do frio que te congela e esquece da quantidade de vezes em que eu tentei ser uma fogueira e você não abraçou com medo de se queimar. Só o que eu queria era te abrigar, evitar o frio que te transformava em gelo, mas você ficou gripada e jogou facas porque eu não tinha te comprado outro suéter.
Você se feriu com um espinho da rosa e a culpa não é minha. Chora com a dor que o espinho lhe causou, falando que eu devia te alertar do perigo que suas mãos seguravam. Sua falta grande de atenção, não te fez enxergar os pingos de sangue no chão que escorriam da minha mão, que foi ferida quando eu tentei de forma brusca tirar todos os espinhos da rosa, mordendo os lábios para suprir a dor e retirando os espinhos que ficaram em minha mão.
Sua piscina é rasa e a culpa não é minha. Não percebes o mar que te fiz? Você diz enxergar um mar de fogo, essa desvalorização não te mostra a beleza das águas cristalinas que eu passei um longo tempo cuidando.
Do seu quarto só se vê a noite e a culpa não é minha. Se lembras de quando te apresentei o sol e você disse que a luz era muito forte? Não achei suas forças em seguir em frente, seus olhos não são sensíveis e sim sua arrogância te impediu abrí-los. Agora reclamas de que a noite é eterna, acho que esqueceu dos tiros que dei pra impedir a lua quando ela tentava descer.
Perdemos a corrida de revezamento e a culpa é nossa. Quantas vezes eu tentei te alcançar e você tentou fugir? Quantas vezes você tentou me dar as mãos e falei pra seguir em frente e me deixar amarrando o cadarço? Quantas vezes eu estive perto de segurar sua mão e seu medo fez você cruzar os braços?
Não ganhamos e nem perdemos a corrida, mas olha lá você, sempre acha que pode subir no pódio e me molhar com o champanhe de culpa.
Coloco o meu amor em um saco de lixo podre e te dou, duvidando de que você irá guardá-lo em um lugar especial em seu guarda-roupa e irá valorizá-lo.

quarta-feira, 17 de março de 2010

boteco, café e cigarro


Essa coisa chamada destino é estranhamente imprevisível. Quem iria imaginar que tudo começou em um boteco, quando eu apreciava um café, com um cigarro entre os dedos e xingando de revolta com o noticiário da TV.
Saio do trabalho estressado e vou para o boteco que ficava na esquina da mesma rua da empresa. Conhecido como "Boteco da Teresa" era um bar totalmente feio e pequeno, a televisão ficava em um local baixo, era ruim assistir de longe, mas em compensação era um bar calmo e o café da Teresa, o melhor que já tomei.
Teresa já sabia o que eu queria, pedir, na maioria das vezes era perda de tempo. Ela sempre trazia aquele café quente e gostoso, dois marlboro e as vezes uma porção de pão de queijo.
Eu ficava na parte de fora do boteco, não queria que o cheiro do cigarro fosse motivo de inquietação alheia e críticas mentais.
Já estressado, eu tinha o prazer de assistir aquele noticiário que só passava desgraça, e por fim, aumentava meu estresse. O noticiário começava com notícia ruim, aliás começava e terminava. Minha cabeça logo esquentava com a falta de justiça desse país e os palavrões saiam, assustando quem tava por perto. Pra piorar, uma mulher senta em minha frente, cabeça explodiu, impulsividade chegou.

- Troca de lugar aí, não percebe que ta na minha frente, porra!
- Desculpa, não sabia que estava na frente!

No mesmo instante em que ela falava, eu tragava meu primeiro cigarro. Ao ouvir aquela voz, meu corpo travou e eu me engasguei, tive um ataque de tosse.

- Desse jeito vai longe hein. Disse a Teresa.
- Pois é! Já estou fodido mesmo.

Aquela moça me olhava com cara de pena, fiquei arrependido por ter sido ignorante e fui me desculpar.

- Boa noite, desculpa por eu ter te tratado daquela forma.
- Tudo bem, acontece.
- Qual seu nome?
- Aline e o seu?
- Renan, prazer! Posso sentar?
- Sem problemas.

Sentei-me na mesma mesa que ela, coloquei o outro cigarro na boca e quando eu ia acender, ela falou:

- Bem, pode sentar, desde que não fume!

Apaguei o fósforo e guardei o cigarro no bolso. Ficamos um bom tempo jogando conversa fora e em poucas horas, já sabíamos o gosto um do outro, nome completo, problemas e por aí vai. Mas como todo mundo tem horário, era hora de partir.

- Então, Renan, tenho que ir, foi bom te conhecer.
- Eu também tenho que ir, Aline, eu que tenho que falar isso.

A vontade de pedir seu número me consumia, mas quem era louco ao ponto de passar o número para uma pessoa que você acabou de conhecer?
Fui pra casa, deitei com aquilo na cabeça. No outro dia, fim de trabalho e boteco da Teresa. A perspectiva de que eu podia encontrá-la outra vez, era alta. A ansiedade por nada, me fez tragar 3 cigarros seguidos, e quando menos se esperava, olha quem aparece. Ela acenou quando me viu, pelo menos, podia classificar como "conhecidos" o nível dessa relação. Conversa vai, conversa vem e isso se tornou cotidiano, todos os dias, no mesmo horário, no boteco da Teresa, virou então "amizade".
Só que, o que eu sentia era mais que amizade, meu sentimento gritava o nome amor. O amor me deixa cego e me ilude, se ela me olha por um tempo longo, eu acho que ela ta querendo. Foi isso que eu achei, um dia eu perdi as forças e na hora ir embora, não resisti...

- Renan, hora de sair agora.
- Quero te dizer algo!
- Diga!
- Calma, preciso de coragem.
- Ah, Renan, assim você me deixa ner...

...A abracei e a beijei. Quando me dei conta do que eu tava fazendo:

- Desculpa, Aline.

Frustração me fez ter vontade de fumar 2 carteiras de marlboro. Me virei e fui embora, mas ela segurou meu braço, me puxou pra perto dela e me beijou.

- Renan?
- Aline?
- Faz um favor pra mim?
- Lógico!
- Faz de conta que isso tudo não aconteceu

Eu previa, não devia ter tomado essa atitude, vou perdê-la de todas as formas, podia tê-la como amiga, ela nunca iria saber, mas eu ia me sentir bem só por estar ao seu lado. Mas por que ela me beijou também?

- Sim, eu já imaginava que isso ia acon...
- Posso terminar? Disse ela me interrompendo.
- Desculpa, continue!
- Faz de conta que isso não aconteceu, e repete tudo amanhã? Quero sentir isso outra vez!

Fiquei lerdo, gaguejei pra responder:

- T-t-udo bem!

Ela beijou minha testa e foi embora. O que eu chamei de preciptação, me levou para o caminho desejado. Sento de novo na cadeira do boteco e grito a Teresa:

- Dona Teresa, o de sempre por favor!

# isso pode ter continuação. ou não!

brinquedo torto

#antigo mas é um dos poucos que eu gosto.

escorrego com o aroma do seu perfume
a cada hora que eu te vejo minhas pernas ficam trêmulas
seu sorriso é incrível, consegue me congelar só em olhar
me pego observando sua beleza pura e meiga

escorrego com o seu caráter impossível
impossível de se encontrar em outras pessoas
a sua sinceridade perceptível
que não dar motivos pra ninguém falar mal

escorrego com sua voz
o "oi, bom bia" que me faz gaguejar
que me faz engasgar em meio as palavras
que me faz ficar nervoso e sem saber o que fazer

escorrego com sua expressão facial
algo tipo: você está bem?
e eu digo que estou bem, sendo que nada estava bem
que menina inesquecível

a única coisa que não escorrega
é a vontade de falar tudo que sinto
é a vontade de falar que quero ela pra sempre do meu lado
é a vontade de falar ”eu te amo” mas não como amigos

eu me perco no tempo com tantas vontades
que se eu fosse realizar algumas delas
podia transformar minha vida em um caos
não quero perder essa amizade

então eu afogo tudo isso
e finjo um sorriso pra não deixar duvida no ar
eu afogo tudo isso
e digo que tudo está bem

no final eu vou para casa
escutar uma música
e escorregar
em minhas vontades transformadas em sonhos

3 desejos



Aperto meus braços quando estou devaneando um abraço com você e perco a noção do tempo. Singela utopia, a sensação que você me traz é tão gostosa, porém tão artificial, que quando eu paro de sonhar acordado, me dou conta de que ainda está tudo do mesmo jeito, do jeito que eu não quero.
Durmo e sonho com você, acordo e você ainda caminha em minha mente, isso me machuca. Eu não te tenho e você não sabe que eu quero.
Minha rotina tornou-se legal, eu te vejo a semana quase inteira e continuo apertando meus braços. Será que você me enxerga ou sabe que eu existo?
Sento no banco da escola como de costume, só pra ver você passar. Você é um gigante? De longe eu te enxergo, na medida que você se aproxima, meu coração incha como bola de assoprar, ao ponto de explodir. Pare de me hipnotizar, meus olhos não saem de você, mas quando meus olhos encontram os seus, logo eu viro o rosto, esperando aparecer o gênio dos 3 desejos e depois pedir pra ficar invisível até você passar.
Primeiro pedido gasto.
Sempre que te vejo, eu viro um carro, minha mente é o motorista, meu coração é o acelerador e meu corpo o restante. Mas ele vive no piloto automático e um dia eu te segui, acompanhei seus passos que o vento levava, com medo de que você percebesse. Você para e olha pra trás, meu carro travou e sumiu, virei gelo, pensei que você ficaria assustado, mas você sorriu, isso me descongelou. Mesmo assim, eu pedi pro gênio pra me deixar invisível.
Segundo pedido gasto.
E esse broto de sentimento que cresce involuntariamente dentro de mim, aumentando cada vez mais minhas vontades. Será que você sabe ou desconfia? Não sei mais o que fazer.
Chamo meu gênio, e meu último pedido será difícil, pode ser até impossível.
Eu quero tê-la.
Terceiro pedido em andamento...

domingo, 14 de março de 2010

pequena solidão


Olá pequena solidão
Por que trabalhas até tarde?
Traga-me minha menina e vá descansar

Olá pequena solidão
Por que me trouxe o escuro?
Traga-me de volta o meu sol e vá descansar

Pequena solidão, não percebes o quão me é inútil? Cansei do seu abraço falso, sei que você sempre quis adicionar o vazio em minha vida, não se satisfaz com as outras milhares de pessoas que brincam com você?

Oh! Pequena solidão
Por que insiste em me cercar?
Compre um óculos e tente me enxergar longe de ti

Oh! Pequena solidão
Tire férias e volte para seu escritório
Crie novas armadilhas, essas já estão inválidas

E lembrar que um dia você me foi tão enorme e perigosa como um polvo, liberando sua nuvem de tinta negra, que me deixava subitamente cego, sem ter para onde correr. E lembrar que eu temia suas batidas em minha porta na hora do recreio, para fazer suas brincadeiras em que só você ria.
Solidão, eu nunca corri de ti, pois sei que você é a segunda camada da minha sombra, te acho tão sem graça, minha face morta devia te afugentar, mas você ainda quer me abraçar. Tchau!

Olá pequena solidão
Por que trabalhas até tarde?
Traga-me minha menina e vá descansar

Olá pequena solidão
Por que me trouxe o escuro?
Traga-me de volta o meu sol e vá descansar

Você que sempre olha pensamentos alheios como arma, manda atirarem em mim, meus escudo que um dia foi de papel, hoje é tão blindado quanta sua coragem. Sei que não devo te subestimar, você sempre encontra brechas pro seu abraço. Mas pequena solidão.

Tire férias e volte para seu escritório
Crie novas armadilhas, essas já estão inválidas

Não queira riscar meu amor, pois a minha borracha é nova. Não queira rasgar meu amor, pois minha cola é nova. Não queira bagunçar meu amor, pois sei esse quebra-cabeças eu sei de cor.

Oh! Pequena solidão
Por que não acata meu conselho e vai tirar umas férias?

sábado, 13 de março de 2010

hora da atualização


Sua mente é seu console e seu corpo é o seu controle. O jogo começa após sair de casa, e nada é prescrito, seus objetivos apareciam conforme os minutos e sua missão era se adaptar. Singleplayer te mata de tédio, sua diversão é jogar com outros. Sem muito hesitar, aceito seu convite, e vou seguindo com uma cesta para caçar meus objetivos e criar minhas missões. Essa disputa por posições no ranking não me excita, mas eu a via bolando estratégias, tentava roubar minha atenção com seu olhar e me cegar com o brilho do seu sorriso. A parte estranha é, meu nível no jogo é alto comparado ao dela e suas armas não tinham poder o suficiente para tirar minha vitalidade. Era meu turno e minha vontade de lutar era nula, andei em sua direção, mas não ataquei, passei direto e fingi que ali não tinha nada. Mesmo não olhando pra trás, eu senti que ela também andava de queixo erguido e sem medo. Mas esse jogo pra mim já passou da época, vou recolher meu controle e guardá-lo. O jogo é seu, o ranking é seu, jogue-o sozinha. Vou atualizar o meu.

quinta-feira, 11 de março de 2010

a sua cachoeira


Abra a torneira e lave seu rosto com meu amor, aproveite, molhe seu coração e esqueça de enxugá-lo. Deixe ele banhar-se com meu amor, que cai juntamente com cada gota d'água que sai da torneira e esqueça de enxugá-lo.
Você nem viu, quando involuntariamente eu tomei banho na sua cachoeira, que molhava parcialmente o meu coração, e não me deu a mínima vontade de sair. Eu fiz um abrigo em sua cachoeira, enquanto você se banhava em outro chuveiro, e meus olhos viam tudo em câmera lenta, vendo você apreciar cada gota que tocava seu corpo e pular de felicidade. Enquanto isso, eu ainda me banhava na sua cachoeira, você passava toda hora na minha frente e parecia não me enxergar. Esbanjava um sorriso ao te ver e grampeava minha boca quando eu me sentia ignoto.
Minha esperança sumia conforme o banho que você tomava em outro chuveiro, e por mais que eu quisesse e tentasse fugir, sua cachoeira ia me seguir. Sentei-me e fiquei a te observar, contado cada pulo felicito e os convertendo em dor.
Certo dia eu não escutava seus pulos, não escutava o barulho do chuveiro, olho em sua direção e você tá cabisbaixa, andando igual uma lesma na procura da toalha, pra enxugar aquele coração que ficou lotado de água. Eu me ofereci como toalha, acreditava que eu podia enxugá-lo aos poucos, e cada parte enxuta, eu ia molhá-lo com minha água.
Você deixou eu ser sua toalha, a quantidade de água era imensa, mesmo assim não deixei de lado, vou enxugá-lo de qualquer forma. Fui enxugando aos poucos, cada dia eu via a água desaparecer, só que quando eu ia tentar molhá-lo com minha água, parecia que tinha um bloqueio. Um dia eu falei que se eu não fizesse uma cobertura em sua cachoeira, meu coração iria morrer afogado. Foi a partir daí que você enxergou sua própria cachoeira, e a viu me molhando por completo. Isso ligeiramente deixou uma brecha exposta em seu coração, na qual eu abri minha torneira, pequena e fraca, mas que mesmo assim, a água o acertava.
Então abra a torneira e lave seu rosto com meu amor, aproveite, molhe seu coração e esqueça de enxugá-lo, mas se um dia cansar-se do banho, por favor, feche-a.

stranger


Olho para o céu, vejo as aves negras, que estão prontas para me atacar, controladas por um estranho que grita em silêncio, escondido em seu manto de cabelo escuro. Olhe aquele rosto de dor, ele quer atacar o seu aliado - como sempre atacou em suas tentativas em que ele obteve sucesso - e deixá-lo a beira do caos com uma faca no pescoço. Esse estranho que vive voando em volta da minha cabeça, me observa na beira do caos, transformando meu medo em piada e rindo descontroladamente. Testando minha força, esperando que eu corte meu pescoço, pra ver minha cabeça cair no caos, onda ela ficará por um tempo até ele querer cessar o tormento, pra depois ele ir buscá-la, costurar outra vez no meu corpo e fazer seu jogo.
Tenho medo de caminhar, sempre que olho pro céu vejo as aves e sei que elas têm sede de atacar. Mas eu vou sair com um estilingue e tentar derrubá-las, uma por uma, sabendo que as aves são o escudo do estranho, e assim que eu acabar com o escudo, irei enfrentá-lo cara a cara.
Minha mira é boa, derrubei todas as aves, ainda abri os braços diante da chuva de penas negras que caiam.
Olha lá aquele estranho, voando feroz em minha direção, aderindo a vontade que tinham as aves. Eu não ia correr como ele pensava, eu fiquei parado no mesmo lugar e o encarei, fixei meus olhos no seu rosto sem pele e quando ele chegou perto de mim, simplesmente parou. Ele viu que eu fui preenchido de coragem e que o covarde era ele, que se aproveitava do meu medo para deleitar sua diversão e transformava minha fraqueza em pudim, no qual ele lambia até os dedos. Esse estranho não me atacou, parou na minha frente e sumiu quando percebeu que eu não o temia, mas pensando bem, será que era ele o meu medo?

terça-feira, 9 de março de 2010

um quase acidente de bungee jump

Música: Ray LaMontagne - Please


#argh, que monotonia aniquiladora!

Você pode até tentar imaginar, mas não vai saber a profundidade desse sentimento.

Você me espera lá embaixo de braços abertos, enquanto eu me preparo pra saltar de bungee jump. Não queria chegar perto de você, não te abraçar e voltar, eu queria me entregar, por isso cortei a corda de segurança que ia impedir meu desejo. O medo de não cair em seus braços e de virar papel ao se chocar com o chão era perceptível nas rugas da minha testa ou de você não ter forças para me segurar e acabar por fim, os dois virando papéis.
Pulei! A adrenalina assustava meu coração e o vento que causava o frio na barriga, parecia navalhas de plástico que tentavam me cortar, mas era só uma imaginação fértil causada pelo pânico. Me aproximava cada vez mais de você, que ainda continuava a me esperar de braços abertos, fechei os olhos e virei a cara, temendo o que poderia acontecer.
Algo estranho aconteceu, não me choquei com o chão e virei papel como eu previa, estava deitado em algodão. Levantei-me rápido tentando entender o que tava acontecendo, meu desespero se resultou em inquietação, até que escutei risos e algo me abraçado por trás. Era ela, ao mesmo tempo que senti seu abraço, meu desespero e inquietação foram embora.

- Eu te amo. disse ela.

O que tem essas palavras que faz com que eu sinta uma felicidade absurda, ficar lerdo e sem reação?! Mas não são só as palavras, a pessoa que as fala, também me deixa assim. Fico lerdo só com sua presença, imagina quando escuto essas palavras.

- Não preciso dizer também né? Você já sabe! disse eu.
- Não precisa, seu bobo. disse ela.

Realmente não precisava falar, minha reação já dizia tudo.

- Quero ficar ao seu lado. disse ela.

Eu fiquei em silêncio, pois ficar ao lado dela era a coisa que mais queria na vida. A euforia que me fazia tremer, me deixou também sem palavras, então eu a abracei com força e isso foi o bastante.

Mesmo sabendo que pode faltar peças ou a paciência dela se esgotar, vou dar o meu quebra-cabeça e vê-la remontar minha esperança e alegria.
O fim do abraço e era hora de partir, cada um pra sua casa.

- Posso te fazer um pedido? perguntei.
- Sim.
- Você poderia sair da minha cabeça pelo menos na hora que eu for dormir?! falei com um meio riso.

Ela sorriu sem jeito e me abraçou de novo, com mais força, e esse abraço que parecia ter voz e falava.

- Não quero sair daqui.

sábado, 6 de março de 2010

labirinto

Música: Mineral - Unfinished



Precisávamos sair do labirinto, mas estávamos em locais diferentes.

- Adriano?
- Estou aqui, Rafa.
- Continue falando, vou seguir sua voz
- Beleza! Lá, lá, lá...

Correndo entre os corredores, seguindo o eco da voz, voltando pro corredor quando eu entrava em um beco sem saída, até que finalmente eu o encontrei.

- Finalmente! Pensei que não ia te encontrar.
- Eu já estava sendo dominado pelo medo.
- Enfim! Precisamos achar a porta agora.
- Maldito Labirinto!

Subitamente as paredes do labirinto começaram a descer, até sumirem no solo, parecia que nossa força de vontade era a chave.

- Olha lá, Rafa, a porta.
- Sim, sim! Estou vendo, vamos correr.

Começamos a correr, só que juntamente com as paredes, tudo ao redor estava sendo devorado por um buraco negro que surgiu do nada.

- Depressa, Adriano ou seremos sugados.

Eu estava a um centímetro da porta, mas o Adriano havia tropeçado e caiu, aquele mundo negro que tomava conta do lugar ia pegá-lo. Então voltei para ajudá-lo.

- Segure a minha mão.

Ele esticou seu braço, o seu corpo estava se desfazendo, mesmo assim eu segurei sua mão com força, mas era tarde, o corpo dele se desfez e ele desapareceu. Me levantei assustado, foi só um pesadelo! Mas foi algo tão real, que meu punho estava fechado, como se estivesse segurando algo.

Não esqueço do dia, no qual senti seu último abraço e escutei o seu último tchau, dizendo que ia passar uns dias fora, mas que depois voltaria. Até hoje vou àquele lugar, finjo que você ainda está viajando e que irá voltar.

Vou em uma lanchonete que serve sucos ruins e sem açúcar, cuja as principais bebidas se chamam "Ele completou sua missão e "Deus sabe o que faz". Bebidas horríveis, mas eu tenho que beber calado.

Deus?! Esse não é o rapaz que dizem que sabe o que faz? Será que sabe mesmo? Sei não. Por que ele leva tão cedo as pessoas boas para o lugar imaginário criado por humanos, chamado paraíso? Aí respondem: Ele completou a sua missão. Mas que caralho de missão é essa? Por que não leva as pessoas que propagam o mal? Aí respondem: Deus sabe o que faz, o castigo dele está guardado e ele vai pro - outro lugar imaginário criado por humanos - inferno. Enquanto isso não acontece, o rapaz vai causar dor para as pessoas boas? Até ele ser castigado, ele vai tirar vida de uma pessoa e fazer outros sofrerem? Ninguém sabe responder, ou tentam. Mas não quero levantar questão, se você é cristão, não perca seu tempo. Prefiro enxergar "Deus" como um incógnita.

Quando eu lembro da nossa trajetória, a minha cabeça parece se deitar em cacos de vidros, pois a dor é insuportável. Sempre que tento ocultar sua imagem, pequenos flashbacks me atordoam. Ponho a mão na cabeça pra não perder a noção, fecho meus olhos e sinto minhas pálpebras se esquentarem com as lágrimas que enchem meus olhos, mas que dificilmente, escorrem pelo rosto. Sua partida roubou meu senso de viver, me fez tomar café cinza, tudo isso porque eu fui um covarde sem vontade e forças para lutar, mas por sorte, ainda estou aqui, lutando contra a vontade de virar vapor, com a ajuda dos seres, qual dou uma asa imaginária e os chamo de anjo.
Pode ser que um dia essa dor não me machuque tanto, sei que tudo acontece e não sou o único a perder uma pessoa próxima, tenho que seguir em frente, criar a minha trilha e andar de trem sobre ela. Um dia eu também irei, mas sei que não o encontrarei outra vez, até porque, se isso fosse algo real, iríamos passar por uma lavagem cerebral para ser uma pessoa 100% do bem nesse tal de paraíso, já que aqui na terra, somos "pecadores". Se fosse pra ter o mesmo sentimento, o mesmo pensar, ser a mesma pessoa, nesse lugar onde "Deus" leva, seriamos só fantasmas rondando pela terra. Não somos dignos de qualidade total, nossos erros e defeitos, são fundamentais para o amadurecimento, e até aproximar as pessoas, depois de um perdão pós erro. Seja 100% do bem e sofra com quem não ta nem aí. Bem, nem sei mais o que falar, encerro aqui.

quarta-feira, 3 de março de 2010

fardo

Música: Explosions In The Sky - Your Hand In Mine



[#prontodesabafei]

Dia após dia, meu ânimo verdadeiro vai embora, dando espaço à uma felicidade fingida. Tentando me conformar com os fatos depois que vem a calma e a vontade de cortar um dedo por causa de cada atitude que foi feita sem pensar, fazendo com que eu morra de auto-degosto. Tolerância mínima pra uma sociedade grande e fútil, me aprisiona cada vez mais dentro do meu quarto. É tão legal conhecer tanta gente, é tão ruim quebrar a cara com tanta gente. Tive que optar em escolher a dedo em quem confiar e deu certo, o meu ciclo foi feito e me iludi com a perspectiva da corrente de ferro. Realmente a amizade é uma corrente tão forte, mas que se rompe a cada passo brusco cometido dentro dela. Eu simplesmente, fui o mentor de cada passo brusco, vi as pessoas que escolhi a dedo se afastarem por motivos óbvios.

- E aí, Rafa, tudo bem?

- Tranquilo e por aí?

Esse cotidiano monótono, nada está bem, mas tenho que cobrir minhas dores pra não ter que ficar tocando toda hora na ferida. A minha salvação são meus amigos - meu centro de felicidade, apoio, conselhos, tudo que é mais sagrado. Mas o meu jeito tão complexo e involuntário de ser, simplesmente, faz com que eu os perca. A mudança é uma coisa natural, mas cadê a minha mudança! Vou ter que simplesmente enxugar lágrimas internas a cada erro meu, achando que aprendi a lição pra evitar o mesmo tropeço e eu não aprendi nada. Sempre culpo meu estresse, essa coisa tão rápida, que aparece nos momentos mais errados, tirando meu lado certo de agir, me submetendo a cometer atrocidades e por mais que eu tente não culpar meu estresse que me transforma em um impulsivo, eu não tenho outra alternativa que seja o centro dos meus problemas, a não ser eu mesmo.
Sei também que não devo ficar me culpando de tudo, mas a questão é que eu realmente sou o culpado de tudo, eu vi meu monumento cair, eu vi minha vida comprar e morar num prédio de dores. As pessoas próximas, tentando me ajudar, tentando me confortar, e o que eu faço? Simplesmente, as expulso de forma indireta e me vejo mergulhar no mar do arrependimento. Nem tudo que cai se levanta, tenho que me conformar com essas coisas.
Eu só carrego o meu fardo, uma certeza é de que nunca vai acabar, só quero saber se um dia vai melhorar, não sei se daqui pra frente terei tanta força para tantas dores.

o meu maior inimigo

Música: Cult of Luna - Finland



Em pouco tempo eu descobri que eu tenho um inimigo, e o pior é que esse inimigo nunca irá se afastar de mim, só um fato natural fará ele sumir...
Dentro dessa maldita guerra o meu inimigo é um espião, ele sabe cada passo que eu dou, sabe cada lugar que eu vou e sabe até o que eu irei fazer. Ele acaba criando uma forma de impedir meus ataques fragilizando minha defesa. Como eu sou tolo! Não sou forte o suficiente pra derrotar meu inimigo sozinho, eu tinha que criar um exército. Por sorte achei os soldados veteranos mais fortes que existia e meu exército foi formado. Cada um compartilhou entre si suas experiências, que foram acatadas como conhecimentos pelo grupo. Como ser derrotado com um time desses? Meu inimigo agora é uma formiga. Soldados veteranos reconhecidos pela extremidade das estratégias usadas em combate, com cicatrizes que provam a coragem e a hora de quase morte. Soldados sem medo, já viram e fizeram o bastante para se tornarem frios, era o que eu queria. O meu inimigo ia ser esmagado com o sopro de cada um.
Subestimei demais, o meu inimigo era espião, desde então. Ele já sabia de cada estratégia de cada aliado. Posicionaram-se os soldados, ouvidos atentos a cada galho podre esmagado pelos passos do inimigo. Mas eu tenho o maior exército. Moleza! Ouvi um tiro e um grito de dor! Já estava a comemorar, pegaram o inimigo. Mas não, não o pegaram, um dos meus soldados foi atingido e seu corpo virava pó. Droga, perdi um mas ainda tenho outros. Outro tiro, outro soldado, mais tiros, mais soldados. Cadê meu exército? Virou pó, todos eles foram eliminados, sobrei, o medo de saber que era o próximo me dominava cada vez mais. Esse inimigo era o pior de todos.
Meu coração quase parou quando eu o vi, aquele rosto...
Ele não queria me matar, ele queria conversar. Eu aceitei o seu pedido, mesmo conturbado com aquele rosto. Ele então disse:

- Não adianta fazer nada, nunca irei desaparecer, só vou sumir, quando você morrer, haha!

Ele não vai me matar, mas vai me deixar em tormento pelo resto da minha vida. Mas eu perguntei:

- Quem é você?

Ele deu um meio sorriso irônico, deu as costas e disse:

- Eu sou você!

Fazia sentido, aquele rosto que me deixou conturbado era o meu, parecia que eu me olhava em algum espelho, mas era eu. Ele só vai sumir quando eu morrer. Faz sentido, o meu inimigo era eu mesmo, o meu inimigo era minha mente.

segunda-feira, 1 de março de 2010

chuva radioativa

Música: Milton Nascimento - Clube Da Esquina N°2



Chove amor lá fora, enquanto meu coração corre pra comprar um guarda-chuva. Por que tanto medo de se molhar? São pingos de amor radioativos, qualquer gota em meu coração irá infectá-lo de alegria. Se vai infectá-lo de alegria, eu deveria me jogar na chuva até ela parar. Mas eu fico pensando, todo final de chuva, quando vem o sol e o mormaço que faz virar vapor a água que tava na rua. Se eu deixar meu coração se molhar, será que depois, as gotas radioativas vão evaporar? Minha alegria vai sumir? Não sei, essa dúvida me faz correr pra comprar o guarda-chuva e evitar tal coisa, mas se meu coração for infectado, mesmo que as gotas sumam, a alegria pode continuar lá ainda, já que ele foi infectado. Dúvidas e dúvidas, meu coração procura um abrigo, enquanto chove amor lá fora, correndo por debaixo das coberturas, até aquele camelô que sempre foge quando escuta os passos da fiscalização. Comprei um guarda-chuva que não me custou quase nada, agora eu enfrento a chuva. Ao por meu pé na rua, vi o quão fraco era esse guarda-chuva, má qualidade, mas era de se esperar, pelo preço. As gotas pareciam pedras, a cada toque no guarda-chuva parecia que ia rasgá-lo até criar um buraco. Mas realmente, estava rasgando, pulei de volta pra calçada e joguei fora o guarda-chuva, fiquei debaixo de uma cobertura, pensando se eu deveria enfrentar essa chuva, chuva de amor...
Em meio as dúvidas, como vou ter a resposta se isso me será bom ou ruim, se eu nem tenho coragem de tentar.
Quer saber? Eu vou é me molhar.