segunda-feira, 1 de março de 2010

chuva radioativa

Música: Milton Nascimento - Clube Da Esquina N°2



Chove amor lá fora, enquanto meu coração corre pra comprar um guarda-chuva. Por que tanto medo de se molhar? São pingos de amor radioativos, qualquer gota em meu coração irá infectá-lo de alegria. Se vai infectá-lo de alegria, eu deveria me jogar na chuva até ela parar. Mas eu fico pensando, todo final de chuva, quando vem o sol e o mormaço que faz virar vapor a água que tava na rua. Se eu deixar meu coração se molhar, será que depois, as gotas radioativas vão evaporar? Minha alegria vai sumir? Não sei, essa dúvida me faz correr pra comprar o guarda-chuva e evitar tal coisa, mas se meu coração for infectado, mesmo que as gotas sumam, a alegria pode continuar lá ainda, já que ele foi infectado. Dúvidas e dúvidas, meu coração procura um abrigo, enquanto chove amor lá fora, correndo por debaixo das coberturas, até aquele camelô que sempre foge quando escuta os passos da fiscalização. Comprei um guarda-chuva que não me custou quase nada, agora eu enfrento a chuva. Ao por meu pé na rua, vi o quão fraco era esse guarda-chuva, má qualidade, mas era de se esperar, pelo preço. As gotas pareciam pedras, a cada toque no guarda-chuva parecia que ia rasgá-lo até criar um buraco. Mas realmente, estava rasgando, pulei de volta pra calçada e joguei fora o guarda-chuva, fiquei debaixo de uma cobertura, pensando se eu deveria enfrentar essa chuva, chuva de amor...
Em meio as dúvidas, como vou ter a resposta se isso me será bom ou ruim, se eu nem tenho coragem de tentar.
Quer saber? Eu vou é me molhar.

2 comentários:

  1. Rapaz, cada vez que você escreve eu considero o melhor texto! Esse então foi fatástico! o modo que você faz a comparação... sei lá, é muito, muito bom! e o melhor de tudo: enfrentar o medo. Parabens pelo otimo post! \o

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  2. Opa, valeu mesmo, isso é a gasolina da minha continuação..

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